segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Monetizando crianças

No mês passado recebi uma proposta de trabalho para uma campanha internacional, e diga-se de passagem, era uma proposta muitíssimo interessante em termos de cachê, localização,fotografia e edição...só tinha um porém: o modelo seria o Gabriel Augusto.
Quando li aquele email, meu coração disparou. Fiquei dividida entre um instinto primitivo de proteção (eu só queria correr até o Guto e ter certeza de que ele estava bem), e uma curiosidade repentina sobre a ideia de uma criança entrar em cena para trabalhar.
Eu não costumo ser muito racional quando o assunto é Meus Filhos portanto assim que terminei de (re)ler o email da Baby Dior fechei o PC  de qualquer jeito, e liguei para minha amiga Jan. Ela é ótima para me escutar. No momento em que o celular dela tocou, Jane estava ensaiando uma peça (escutei ela mandando o diretor calar a boca), e parou tudo para que eu pudesse pedir conselho.
Ela me escutou recitar a minha concepção de certo e errado durante cinco minutos e também me mandou calar a boca (suspeito que Jan estava de TPM). Combinamos de nos encontrar para um café no shopping depois do ensaio dela. Entre um cappuccino e um panettone que comemos sem culpa nenhuma, Jan disse o que achava: "é como diz a lei, Mi. Teatro, televisão, etc é considerado manifestação artística, e não trabalho".
Eu retruquei que, mudar o conceito não muda o fato de ser trabalho. mas Jan ponderou: "Além de haver a lei que garante proteção a essa 'manifestação', os pais precisam garantir que os filhos estudem brinquem, e sejam crianças de fato".
Depois do encontro  nos aproveitamos a companhia uma da outra e fomos a uma loja que estava em liquidação (Jan sabe o quando sou louca por descontos, rs). Enquanto colocava as sacolas no carro, eu refletia no que a minha best loira havia dito. Realmente, quanto se trata de meus filhos eu não raciocino bem. Há um instinto protetor que mais parece uma névoa encobrindo a lógica. Eu já trabalhei com crianças antes, sei que há lei de proteção a criança (o ECA).
Quando cheguei em casa naquela noite, fui diretamente ao quarto do Guto. Ele estava de costas para a porta, brincando de fazer robozinho com peças Lego. Aproveitei para ficar admirando meu pequeno ser. É incrível o quanto o amo, e não faço ideia de como foi que vivi um dia sem que ele existisse. Como é que eu pude viver sem ser acordada por ele e a Nana nos domingos de manhã? Sem os resmungos de todos os dias para acordar e ir a escolinha, sem as caras feias para os legumes... isso é tão rotineiro e normal na minha vida, que no momento que meu filho me disse que não precisava mais dar comida na boca dele, eu me senti perdida. Minha analista passou boas semanas trabalhando a respiração diafragmática sempre que eu tinha um ataque de pânico imaginando que logo logo os meus dois delicados bebês estarão a caminho de uma faculdade e com seus respectivos namorados... (faltam só 15 anos para que isso comece!).
Eu ainda fiquei preambulando pela casa até que todos fossem dormir. Mais racional agora, retornei a abrir o PC, decidida a responder o email da importante marca. Imaginei que eu faria um texto enorme para que compreendessem  as minhas condições, mas depois de duas horas  redigindo a resposta, não fiz mais que dez linhas. Percebi que quem precisava rever os conceitos era eu mesma. A minha única condição imposta foi a de que  eu estivesse junto  durante toda a sessão. E não é que eles gostaram da ideia? Acho que esse é o primeiro ensaio Baby Dior com um adulto e uma criança, rs.
Guto adorou ser fotografado. Ele ama uma câmera, Deus do céu! Entre um clique e outro nos divertimos muito.
Apesar de minha concepção de trabalho infantil ter mudado um pouco, estou decidida a esperar mais para que meus filhos façam carreira artística. Para mim criança tem mesmo é que brincar.

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